Caso: 8 Bar Bistrô


João Pedro e Karllana Cordovil em manchete do Diário.



A busca, apreensão e prisão

Em junho de 2015, a Polícia Civil supostamente recebeu uma ligação anônima, que dizia haver tráfico de drogas no 8 Bar Bistrô, localizado no bairro do Reduto, em Belém, e muito frequentado por jovens. O casal proprietário do bar, João Pedro Paupério e Karllana Cordovil, foi preso na manhã da quinta-feira, 25 de junho. A Polícia disse ter apreendido 44 pastas-base de cocaína e uma quantia em dinheiro equivalente a R$ 1.240,90 que o casal teria obtivo através da venda de drogas. O único problema é que há vários fatores que comprovam o equívoco da Policia Civil naquela manhã.

O pedido de relaxamento de prisão

Os advogados que representavam Pedro Paupério e Karllana Cordovil entraram com pedido de relaxamento de prisão na sexta-feira, 26, para que os dois pudessem responder em liberdade ao inquérito policial sobre o suposto envolvimento no crime de tráfico de drogas. O advogado Alberto Pimentel ainda afirmou que Pedro e Karllana foram presos injustamente.

A perseguição

Karllana afirmou que policiais perseguiam o casal mesmo antes de o bar mudar de endereço. O advogado e amigo do casal, Stephano Houat, disse que o bar sofre essa perseguição por nunca ter pagado propina a policiais e que o flagrante pode ter sido forjado. "Aqui, em Belém, é comum a polícia passar pelos bares e restaurantes cobrando propina – que eles chamam de 'ajuda'. O bar nunca colaborou, nunca deu dinheiro algum porque sempre foi legalizado, com alvará", disse à uma entrevista feita pelo site Vice.

Os depoimentos

Os dois policiais que prenderam o casal proprietário do bar prestaram depoimento sobre a situação ocorrida. Eles teriam dito em seus depoimentos que prenderam o casal antes mesmo de encontrar a droga no local.

O mandato

O terceiro fator decisivo foi a falta de um mandado. Os policias entraram na residência, que fica em cima do bar, sem um mandado judicial. "O ingresso ilegal no domicílio contaminou todas as provas do crime, não sobrando nada lícito para formar a justa causa até mesmo da ação penal.", afirmou o juiz que analisou o pedido de relaxamento de prisão do casal e decidiu pela soltura dos dois. Segundo ele, o trancamento do inquérito policial se deu em decorrência da "ilegalidade da prisão e da operação policial".

A soltura do casal

O Tribunal de Justiça do Estado (TJE) informou, na tarde da segunda-feira, 29 de junho de 2015, que foi extinto o processo contra o casal Pedro Paupério e Karllana Cordovil. O juiz Flávio Sanchez Leão, da 1ª Vara Penal dos Inquéritos Policiais e Medidas Cautelares, considerou a prisão ilegal. O juiz determinou a devolução do dinheiro apreendido no dia do suposto flagrante. Ele alegou a operação falha e inválida.
"Concluímos, portanto, pela leitura do próprio depoimento dos policiais, que foram logo prendendo João assim que chegaram ao local, mesmo antes de iniciar a busca e antes de encontrar qualquer droga ilícita – pois assim os próprios policiais relataram que o detiveram. Atitude muito imprudente e que termina por se tornar suspeita, pois prenderam a pessoa antes de qualquer outra evidência da ocorrência do crime, o que poderia resultar em agravamento da situação dos policiais, caso não encontrado nenhum entorpecente, pois além de terem violado o domicílio da pessoa sem mandado judicial estariam efetivando uma prisão completamente ilegal e arbitrária", conclui o juiz. O casal foi solto na tarde na sexta-feira, 29 de junho de 2015.

A ética no jornalismo

Um jornalismo de qualidade deve seguir princípios morais e éticos internamente inseridos em cada profissional, visando o bem universal e respeitando os Direitos Humanos. A boa ação é o que produz bons resultados. Um jornalista deve ir contra hábitos individualistas, que buscam interesses próprios, para se tornar um cidadão cooperante com o meio social habitado. Para isso as regras e normas são necessárias: com o intuito de haver o cumprimento de condutas morais entre os indivíduos. Na profissão de jornalista, deve-se ter em mente a constante preocupação com a relação desenvolvida com o público, sempre buscando reportar matérias e notícias verdadeiras e que estejam de acordo com o conceito de ética, nunca deixando de lado os interesses sociais.
Na matéria do Diário do Pará, divulgada no site na época em que o casal estava sendo apenas acusado por tráfico de drogas, o jornal publicou a notícia como se os proprietários do bar já estivessem condenados pela Justiça. Mas, o fato é que não havia provas contra o casal, a não ser a droga supostamente encontrada pelos dois policiais, o que, mais tarde, ficaria claro que foi implantada e que toda a situação foi forjada.
Oportunismo é quando nos aproveitamos de um fato visando a conquista de interesses particulares, reproduzindo notícias errôneas que expressam parcialidade. O trabalho de um jornalista é informar e transmitir mensagens coerentes para o público, por isso, a ética se faz necessária em todas as áreas profissionais.

Texto: Elisa Lara Vaz

Nenhum comentário